quinta-feira, 15 de maio de 2008

Bula do Autor para uma boa audição do cd Verdazul


Basicão:

Verdazul em mp3 quebra um galho mas é um lixo em termos sonoros….muitos detalhes interessantes da mixagem se perdem na compressão digital.Mas dá pra viajar se a pessoa tiver bons headphones e que tenham bons graves e um bom nivel de volume…
O melhor formato fora o original que pode ser ouvido no meu estudio Eletro Fluminas
(Marcando hora e tomando um chá ou um café) é o cd mesmo.Aconselho ouvi-lo com headphones se voce
não tiver boas caixas.
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1-Vamos á Praia

Eu detesto praia!Detesto areia grudando no corpo,poluição,gente bêbada e feia enchendo o saco,criançada gritando….!Nao tem cadeira de praia que suporte meu peso... etc,,,,,Gosto do mar de longe.
Nada é mais lindo do que a visão do encontro do céu com o mar ao longe.Nada nos dá tanta noção de nossa insignificancia e estupidez diante do universo do que essa visão maravilhosa e hipnótica,bem Verdazul.
Dediquei essa faixa ao meu filho mais novo,Marcio Neto pois foi a pedido dele que me esforcei pela ultima vez para ir ao mar com filhos pequenos…..
E quando ele ouviu essa musica mixada senti que ele gostou muito.Aliás ele me disse que sempre foi a predileta dele.
O cavaquinho eu toquei pra dar um ar bem bem farofeiro e animadinho.....





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2-Asteróide 38
34 (para Zappa)

uma homenagem (não ainda a altura do que ele merece)a um de meus maiores mentores.
Os outros são Hermeto,Gismonti ,Debussy ,Beethoven ,Kraftwerk,Pink Floyd,Keith Emerson e ZZ Top.
A percussão é programada com clara inspiração ao ambiente de "Jazz From Hell".
As marimbas (tipicas da musica do mestre) infelizmente tiveram que ser eletrônicas e a grande estrela desta faixa é George de Oliveira e seu sax alto inacreditável e abençoado!Na foto abaixo.....
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Asteroid ZAPPA,Minor planet number 3834 has been named in honor of innovative rock musician Frank Zappa.
The citation announcing the naming appeared on Minor Planet Circular 23792 (issued on 1994 July 22), from which the following is extracted with permission:
(3834) Zappafrank = 1980 JE                                                     
     Discovered 1980 May 11 by L. Brozek at Klet.                          
Named in memory of Frank Zappa ), rock musician and
composer of innovative contemporary symphonic, chamber and electronic
music.  Zappa was an eclectic, self-trained artist and composer with
incredible energy and a biting wit, and his music transcends the usual
music barriers.  Before 1989 he was regarded as a symbol of democracy
and freedom by many people in Czechoslovakia. 

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3-Um Pouco de Ar
musica para momentos de sufoco absoluto.
Serve tambem como hino contido de protesto contra os males irreversíveis cometidos por nos no planeta Terra.
Boa tambem para engarrafamentos e para pacientes em estado terminal........

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4-Mr.Rabbit
''Alice estava começando a ficar muito cansada de estar sentada ao lado de sua irmã e não ter nada para fazer: uma vez ou duas ela dava uma olhadinha no livro que a irmã lia, mas não havia figuras ou diálogos nele e “para que serve um livro”, pensou Alice, “sem figuras nem diálogos?”
Então, ela pensava consigo mesma (tão bem quanto
era possível naquele dia quente que a deixava sonolenta e estúpida) se o prazer de fazer um colar de margaridas era mais forte do que o esforço de ter de levantar e colher as margaridas, quando subitamente um Coelho Branco com olhos cor-de-rosa passou correndo perto dela.
Não havia nada de muito especial nisso, também Alice não achou muito fora do normal ouvir o Coelho dizer para si mesmo “Oh puxa! Oh puxa! Eu devo estar muito atrasado!” (quando ela pensou nisso depois, ocorreu-lhe que deveria ter achado estranho, mas na hora tudo parecia muito natural); mas, quando o Coelho tirou um relógio do bolso do colete, e olhou para ele, apressando-se a seguir, Alice pôs-se em pé e lhe passou a idéia pela mente como um relâmpago, que ela nunca vira antes um coelho com um bolso no colete e menos ainda com um relógio para tirar dele. Ardendo de curiosidade, ela correu pelo campo atrás dele, a tempo de vê-lo saltar para
dentro de uma grande toca de coelho embaixo da cerca.
No mesmo instante, Alice entrou atrás dele, sem pensar como faria para sair dali.
A toca do coelho dava diretamente em um túnel, e então aprofundava-se repentinamente. Tão repentinamente que Alice não teve um momento sequer para pensar antes de já se encontrar caindo no que parecia ser bastante fundo....
(Lewis Carrol)
tempos modernos:
a jovem solitária na tarde quente larga o livro entediada,abre o lap top e com seu cartão de credito na mão vai em busca de seu coelhinho digitando "therabbitvibrator"!


a baixista e "bobfilha"Sônia Bessa deixou suas digitais nessa gravação.
Taryn Szpilman
emprestou sua linda voz para "Alice"...
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5-Drink Me,Eat Me
''Vejam só, tantas coisas estranhas
tinham acontecido ultimamente que Alice começara a pensar que muito poucas coisas eram na verdade realmente impossíveis.
Não havia muito sentido em ficar esperando ao lado da portinha e então Alice voltou em direção à mesa, com esperança de poder encontrar outra chave sobre ela ou, quem sabe, um livro de regras para ensinar as pessoas a encolherem como telescópios: desta vez ela encontrou uma pequena garrafa sobre ela (“que certamente não estava sobre aqui antes”, disse Alice) e amarrada ao redor do gargalo estava uma etiqueta com as palavras “BEBA-ME” lindamente impressa em palavras grandes.
Tudo bem dizer “BEBA-ME”, mas a sábia Alice não ia fazer aquilo apressadamente. “Não, eu vou olhar primeiro”, disse ela, “e ver se está marcado veneno ou não”; Alice já lera muitas lindas histórias sobre criancinhas queimadas ou engolidas por feras selvagens e outras coisas desagradáveis, tudo porque não tinham lembrado das regras simples que seus amigos falavam para elas. Por exemplo: um atiçador de lareira pode queimá-lo se você segurar por muito tempo, ou, se você cortar seu dedo muito fundo com uma faca, geralmente sangra; e ela nunca esquecera aquela: se você beber de uma garrafa que diz “veneno” é quase certo que isso irá prejudicá-lo, cedo ou tarde.
Entretanto, esta garrafa não tinha gravado “veneno”, daí,Alice aventurou-se a experimentá-la e, achando o sabor muito gostoso (o conteúdo tinha, de fato, um tipo de mistura de torta de cereja, creme de ovos, leite e açúcar, abacaxi, peru assado, toffy e torradas quentes), ela bem rápido acabou com ele.
“Que sensação estranha”, disse Alice. “Eu devo estar encolhendo como um telescópio!”
E daí era fato, ela estava agora com apenas 25 centímetros de altura, e seu rosto resplandeceu ao pensar que aquele era o tamanho exato para atavessar a portinha em direção ao adorável jardim. Primeiro, entretanto, ela esperou alguns minutos para ver se ainda iria encolher: ela sentiu-se um pouco nervosa em relação ao fato “porque isso pode resultar, você sabe”, disse Alice para si mesma, “em eu sumir como uma vela”. A menina ficou pensando como seria, tentando imaginar como a chama de uma vela se
parece depois que a vela acaba e ela não conseguiu lembrar de ter visto alguma vez algo assim.
Afinal, achando que nada mais aconteceria, ela decidiu-se a entrar no jardim, mas, pobre Alice! quando ela chegou na porta, lembrou-se que tinha esquecido a pequena chave dourada, e quando voltou até à mesa, percebeu que não era possível pegá-la: Alice podia avistá-la através do vidro e tentou o máximo possível para escalar uma das pernas da mesa, mas era muito escorregadia; e quando desistiu, a pobrezinha sentou-se e chorou.
“Vamos, não há razão para chorar assim”,disse Alice. “Eu lhe aconselho deixar isso pra lá neste minuto.” Normalmente ela se dava bons conselhos (embora raramente os seguisse) e às vezes repreendia-se tão severamente que chegava a ficar com lágrimas nos olhos, e uma vez ainda lembrava-se de ter tentado boxear suas próprias orelhas por ter trapaceado consigo mesma em um jogo de críquete que jogava com ela mesma, pois essa curiosa criança gostava de fingir ser duas pessoas.
“Mas não adianta agora”, pensou a pobre Alice, “querer serduas pessoas! Porque é suficientemente difícil para mim ser uma pessoa respeitável.”
Logo seu olho caiu sobre uma pequena caixa de vidro que jazia sob a mesa: ela abriu-a e encontrou um pequeno bolo, no qual a palavra “COMA-ME” era lindamente inscrito. “Bem, eu vou comê-lo”, pensou Alice, “e se isso me fizer crescer eu posso pegar a chave; se ele me tornar muito pequena eu passo por baixo da porta. Então, de qualquer maneira, eu vou para o jardim e não me importa o que acontecer!”(Lewis Carrol)

Taryn Szpilman mais uma vez gravou as vozes da "Alice".
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6-Virgulino
Alceu,Paulo Rafael,Zé da Flauta e Carlos Fernando,pernambucanos ''da gôta serena'' me apresentaram esse''cabra'' que foi muito mais do que um simples bandido.....
Leia este Cordel genial
de José Pacheco:
A Chegada de Lampião no Inferno
Um cabra de Lampião
por nome Pilão Deitado
que morreu numa trincheira
um certo tempo passado
agora pelo sertão

anda correndo visão
fazendo malassombrado.
E foi quem trouxe a notícia
que viu Lampião chegar
o inferno nesse dia

faltou pouco pra virar
incendiou-se o mercado
morreu tanto cão queimado
que faz pena até contar
Morreram a mãe Conguinha
o pai Forrobodó
cem netos de Parafuso

um cão chamado Cotó
escapuliu Boca Ensoça
e uma moleca moça
quase queimava o totó
Morreram cem negros velhos
que não trabalhavam mais
um cão chamado Traz Cá

Vira-Volta e Capataz
Tromba Suja e Bigodeira
um cão chamado Goteira

cunhado de satanás.
Vamos tratar na chegada
quando Lampião bateu
um moleque ainda moço
no portão apareceu:
Quem é você, cavalheiro?
Moleque, eu sou cangaceiro:

Lampião lhe respondeu.
- Moleque, não; sou vigia

e não sou seu parceiro
e você aqui não entra
sem dizer quem é o primeiro:
- Moleque, abra o portão

saiba que sou Lampião
assombro do mundo inteiro.

Então esse tal vigia
que trabalha no portão
dá pisa que voa cinza
não procura distinção

o negro, escreveu não leu
o macaiba comeu
ali não se usa perdão.
O vigia disse assim:
fique fora que eu entro
vou conversar com o chefe

no gabinete do centro
por certo ele não lhe quer
mas conforme o que disser
eu levo o senhor pra dentro.

Lampião disse: vá logo
quem conversa perde hora

vá depressa e volte já
eu quero pouca demora
se não me derem ingresso

eu viro tudo asavesso
toco fogo e vou embora.
O vigia foi e disse
e satanás no salão:
saiba a vossa senhoria

que aí chegou Lampião
dizendo que quer entrar
e eu vim lhe perguntar
se dou-lhe ingresso ou não.

- Não senhor, satanás disse
vá dizer que vá embora

só me chega gente ruim
eu ando muito caipora!

eu já estou com vontade
de botar mais da metade
dos que tem aqui pra fora.

- Lampião é um bandido
ladrão da honestidade
só vem desmoralizar
a nossa propriedade

e eu não vou procurar
sarna pra me coçar
sem haver necessidade.

Disse o vigia: patrão
a coisa vai arruinar
eu sei que ele se dana
qunado não puder entrar

satanás disse: isso é nada
convide aí a negrada

e leve os que precisar
- Leve cem dúzias de negros
entre homem e mulher
vá lá na loja de ferragem

tire as armas que quiser
é bom avisar também
pra vir os negros que tem
mais compadre de lucifer

E reuniu-se a negrada
primeiro chegou Fuchico
com o bacamarte velho
gritando por Cão de Bico
que trouxesse o Pau de Prensa
e fosse chamar Tangença

em casa de Maçarico.
E depois chegou Cambota
endireitando o boné

Formigueiro e Trupe-Zupe
e o crioulo Quelé

chegou Caé e Pacáia
Rabisca e Cordão de Saia

e foram chamar Bazé.
Veio uma diaba moça
com a calçola de meia
puxou a vara da cerca
dizendo: a coisa está feia

hoje o negócio se dana!
E gritou: êta baiana

agora a ripa vadeia!
E saiu a tropa armada
em direção do terreiro

com faca, pistola e facão
cravinote e granadeiro
uma negra também vinha
com a trempe da cozinha

e o pau de bater tempero.
Quando Lampião deu fé
da tropa negra encostada
disse: só na Abissínia
oh! tropa preta danada!

o chefe do batalhão
gritou de arma na mão;
- Toca-lhe fogo, negrada!

Nessa voz ouviu-se tiros

que só pipoca no caco
Lampião pulava tanto
que parecia um macaco
tinha um negro neste meio

que durante o tiroteio
brigou tomando tabaco.
Acabou-se o tiroteio
por falta de munição
mas o cacête batia

negro rolava no chão

pau e pedra que achavam
era o que as mãos pegavam

sacudiam em Lampião.
- Chega traz um armamento!
(assim gritava o vigia)

traz a pá de mexer doce
lasca os ganchos de caria
traz um bilro de Macau
corre, vai buscar um pau

na cêrca da padaria!
Lucifer mais satanás
vieram olhar do terraço
todos contra Lampião
de cacête, faca e braço

o comandante no grito
dizia: briga bonito

negrada, chega-lhe o aço!
Lampião pôde apanhar
uma caveira de boi
sacudiu na testa dum

ele só fez dizer: oi!...
Ainda correu dez braças
e caiu enchendo as calças
mas eu não sei dizer o que foi.
Estava travada a luta
duma hora fazia

a poeira cobria tudo
negro embolava e gemia
porém Lampião ferido

ainda não tinha sido
devido a grande energia.

Lampião pegou um seixo
e rebolou-o num cão
mos o que; arrebentou
a vidraça do oitão

saiu fogo azulado
incendiou o mercado
e o armazém de algodão.
Satanás com esse incêndio
tocou no búzio chamando
corretam todos os negros

que se achavam brigando
Lampião pegou a olhar
não vendo com quem brigar
também foi se retirando.
Houve grande prejuízo
no inferno nesse dia
queimou-se todo dinheiro
que satanás possuia
queimou-se o livro de pontos

perdeu-se vinte mil contos

somente em mercadoria.
Reclamava Lucifer:
horror mais não precisa
os anos ruins de safra
agora mais esta pisa

se não houver bom inverno
tão cedo aqui no inferno
ninguém compra uma camisa.
Leitores, vou terminar
tratando de Lampião
muito embora que não possa

vou dar a explicação
no
inferno não ficou
no céu também não entrou
por certo está no sertão.

Quem dúvida desta história
pensar que não foi assim
querer zombar do meu sério
não acreditando em mim

vá comprar papel
moderno
escreva para o
inferno
mande saber de Caim.


Paulo Rafael meu parceiro e irmão viajou nessa faixa tocando viola fretless,viola e bandolim .
tive o prazer de colaborar com ele tambem na trilha incidental do filme "Baile Perfumado"




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7-Cogumelos Vermelhos
a música que mais se aproxima do dito "eletrônico tradicional".
Com cara de final de anos 70,usei timbragens que misturam sons sintéticos clássicos com s instrumentos acusticos(piano,oboé e flauta)
Duendes,fadas,florestas encantadas fazem parte deste cenário....

Reproduzo aqui algo interessante a respeito:
Amanita Muscaria
Existe na Sibéria uma planta de poder poderosa chamada Amanita muscária, um cogumelo vermelho com manchas brancas. É o sacramento de seus trabalhos espirituais.
A Amanita muscária é um cogumelo enteógeno, que proporciona visões e intro-visões de profundo significado. Alguns pesquisadores acreditam
que ele é o soma, dos Vedas (a mais antiga literatura sagrada da humanidade). Soma era mais do que uma planta, e seu sumo expressa um deus. Sugere-se o deus Agni, deus do fogo. O soma é simbolizado pelo touro, o símbolo do rig veda (hino aos deuses) da força.
A Amanita muscária contém elementos que permanecem intactos em sua passagem pelo organismo, por isso os xamãs siberianos guardavam e consumiam a própria urina para ser bebida no inverno, quando não havia o cogumelo.
Nas biografias legendárias de alguns adeptos do budismo, há alguns indícios que podem ser interpretados para revelar que eles consumiam o cogumelo Amanita muscaria para conseguir a iluminação.
Eles mantinham o voto de manter o segredo dessas práticas, tanto que sua identidade foi escondida atrás de um jogo de símbolos.

O cogumelo sagrado Amanita Muscaria, segundo alguns pesquisadores, é o mesmo citado por Lewis Carroll em "Alice no
País das Maravilhas
".
Relata-se também efeitos analgésicos significativos, para curar males da garganta, feridas cancerígenas, artrites.
A amanita contém os princípios ativos muscazon,á
cido ibotênico, muscimelk e bufoteína. Os efeitos começam entre 20 e 30 minutos após a
ingestão e duram de 6 a 8 horas.
Geralmente, o usuário experimenta visões semelhantes aos sonhos.

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8-Chá Maluco

foi super divertida a criação desta musica!
participaram
nos vocais do Chapeleiro Louco e da Lebre Maluca junto comigo e o vocoder meus filhos Ricardo e Pedro .


Um chá maluco

Havia uma mesa arrumada embaixo de uma árvore, em frente à casa, e a Lebre de Março e o Chapeleiro estavam tomando chá; um Leirão estava sentado entre os dois, dormindo profundamente, e os outros dois usavam como almofada, descansando sobre ele e conversando sobre sua cabeça. “Muito desconfortável para o Leirão”, pensou Alice, “mas já que ele está dormindo, acho que não se importa.”
A mesa era bem grande, mas os três amontoavam-se num canto. “Não tem lugar! Não tem lugar!”, eles gritaram ao ver Alice chegando. “Tem muito lugar!”, disse Alice com indignação, e sentou-se em uma grande poltrona numa das cabeceiras da mesa.
“Tome um pouco de vinho”, a Lebre de Março ofereceu em um tom encorajador.
Alice olhou ao redor por sobre a mesa e não havia nada senão chá.
“Eu não vejo nenhum vinho”, ela observou.
“Não tem nenhum mesmo”, retrucou a Lebre de Março.
“Então não é muito educado de sua parte oferecer”, respondeu Alice com raiva.
“E não é muito educado de sua parte sentar-se sem ser convidada”, disse a Lebre de Março.
“Eu não sabia que era sua mesa”, insistiu Alice, “ela está arrumada para muito mais que três convidados.”
“Seu cabelo está precisando ser cortado”, disse o Chapeleiro. Ele estivera olhando para Alice por algum tempo com grande curiosidade e esta fora sua primeira intervenção.
“Você deveria aprender a não fazer esse tipo de comentário pessoal”, Alice retrucou com severidade. “Isso é muito grosseiro.”
O Chapeleiro arregalou os olhos ao ouvir isso, mas, tudo que ele disse foi: “Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?”
“Legal, vamos ter diversão agora!”, pensou Alice. “Fico feliz que ele tenha começado a propor charadas — acho que posso adivinhar essa”, ela completou em voz alta.
“Você acha que pode encontrar a resposta dessa?” perguntou a Lebre de Março.
“Exatamente”, respondeu Alice.
“Então você pode dizer o que acha”, a Lebre de Março continuou.
“E vou”, Alice replicou rapidamente, “pelo menos — pelo menos, eu acho o que digo — o que é a mesma coisa, você sabe.”
“Não é a mesma coisa nem um pouco!”, disse o Chapeleiro. “Senão você também poderia dizer”, completou a Lebre de Março, “que ‘Eu gosto daquilo que tenho’ é a mesma coisa que ‘Eu tenho aquilo que gosto.’”
“Seria o mesmo que dizer”, interrompeu o Leirão, que parecia estar falando enquanto dormia, “que ‘Eu respiro enquanto durmo’ é a mesma coisa que ‘Eu durmo enquanto respiro!’”
“Isso é a mesma coisa para você”, disse o Chapeleiro, e nesse ponto a conversa parou e a reunião ficou em silêncio por um minuto.
Enquanto isso Alice tentava lembrar tudo que ela sabia sobre corvos e escrivaninhas, que não era muito.
O Chapeleiro foi o primeiro a quebrar o silêncio. “Que dia do mês é hoje?”, perguntou, virando-se para Alice: ele tinha tirado seu relógio do bolso e olhava para ele ansiosamente, chacoalhando-o de vez em quando e levantando-o no ar.
Alice pensou um pouco e então falou: “É dia quatro.”
“Dois dias errado”, suspirou o Chapeleiro. “Eu falei pra você que a manteiga não ia adiantar nada”, ele completou, olhando raivosamente para a Lebre de Março.
“Era a melhor manteiga”, a Lebre de Março replicou mansamente.
“Sim, mas algumas migalhas devem ter caído”, o Chapeleiro rosnou. “Você não deveria ter passado com uma faca de pão.”
A Lebre de Março apanhou o relógio e olhou para ele melancolicamente; então afundou-o na sua xícara de chá, e olhou novamente para ele: mas parecia que não encontrava nada melhor para dizer que o que já dissera: “Era a melhor manteiga, você sabe.”
Alice estivera olhando por cima dos ombros com curiosidade. “Que relógio engraçado!”, ela observou.
“Ele diz o dia do mês e não diz a hora!”
“Porque deveria?”, resmungou o Chapeleiro. “Por acaso o seu relógio diz o ano que é?”
“É claro que não”, Alice replicou rapidamente, “mas é porque o ano permanece por muito tempo o mesmo.”
“Este é exatamente o caso do meu”, disse o Chapeleiro.
Alice sentiu-se terrivelmente perturbada. O comentário do Chapeleiro parecia para a menina completamente sem sentido, e aindaassim era inglês. “Eu não estou entendendo nada”, ela disse, o mais educadamente que pôde.
“O Leirão está dormindo novamente”, disse o Chapeleiro, e despejou um pouco de chá quente sobre seu nariz.
O Leirão balançou a cabeça impacientemente e disse, sem abrir os olhos: “É claro, é claro, é justamente o que eu ia dizer.”
“Você já adivinhou a charada?”, perguntou o Chapeleiro, virando-se novamente para Alice.
“Não, eu desisto”, Alice respondeu. “Qual é a solução?”
“Eu não tenho a mínima idéia”, disse o Chapeleiro.
“Nem eu”, disse a Lebre de Março.
Alice suspirou enfastiadamente. “Eu acho que você deveria fazer coisa melhor com seu tempo”, ela disse, “ao invés de gastá-lo com charadas que não têm resposta.”
“Se você conhecesse o Tempo tão bem quanto eu conheço”, o Chapeleiro falou, “não falaria em gastá-lo como se fosse uma coisa. Ele é uma pessoa.”
“Eu não sei o que você está dizendo”, disse Alice.
“Claro que não!”, o Chapeleiro disse, sacudindo a cabeça desdenhosamente. “É muito provável que você nunca tenha falado com o Tempo!”
“Talvez não”, Alice replicou cautelosamente, “mas eu sei que tenho que marcar o tempo quando aprendo música.”
“Ah! Isso explica”, concluiu o Chapeleiro. “Ele não vai ficar marcando compasso para você. Agora, se você ficar numa boa com ele, poderá fazer o que quiser com o relógio. Por exemplo, suponha que são nove horas da manhã, bem a hora de começar a fazer as lições de casa, você apenas tem que insinuar no ouvido do Tempo e o ponteiro dá uma virada num piscar de olhos! Uma e meia, hora do almoço!”
(“Eu queria que fosse”, a Lebre de Março disse para si mesma num sussurro.)
“Isso seria ótimo, com certeza”, disse Alice pensativamente; “mas então...eu poderia ainda não estar com fome, você sabe.”
“A princípio não, talvez”, retomou o Chapeleiro, “mas você poderia ficar na uma e meia da tarde tanto tempo quanto você quisesse.”
“É assim que você faz?”, perguntou Alice.
O Chapeleiro balançou a cabeça com ar de lamento. “Eu não”, ele replicou. “Eu e o Tempo tivemos uma disputa março passado...um pouco antes dela enlouquecer, você sabe...” (apontando a Lebre de Março com a colher de chá) “...foi no grande concerto dado pela Rainha de Copas e eu tinha que cantar
Pisca, pisca, pequeno
morcego!
Como eu queria saber onde você está!
“Você conhece a canção, por acaso?”
“Já ouvi alguma coisa parecida”, disse Alice.
“Ela continua, você sabe”, o Chapeleiro prosseguiu, “dessa maneira:
Muito acima do mundo você voa,
Parece uma bandeja de chá no céu,
Pisca, pisca...”
Nesse instante o Leirão estremeceu e começou a cantar dormindo “Pisca, pisca, pisca, pisca...” e continuou repetindo tantas vezes a palavras que tiveram que lhe dar um beliscão para que ele parasse.
“Bem eu mal tinha acabado de cantar o primeiro verso”, disse o Chapeleiro, “quando a Rainha berrou ‘Ele está matando o tempo! Cortem-lhe a cabeça!’”
“Que selvageria”, exclamou Alice.
“E desde então”, o Chapeleiro continuou num tom de lamento, “ele não faz nada do que eu peço! É sempre seis da tarde agora!”
Uma idéia brilhante veio à mente de Alice. “Esta é a razão de tantas coisas para o chá colocadas na mesa?” ela perguntou.
“É, é isso”, respondeu o Chapeleiro com um suspiro, “é sempre hora do chá, e nós não temos tempo de lavar as coisas entre um chá e outro.”
“Então vocês ficam rodando em volta da mesa, não é?”, disse Alice.
“Exatamente”, disse o Chapeleiro, “à medida que as coisas vão ficando sujas.”
“Mas o que acontece quando vocês chegam ao início outra vez?”, Alice aventurou-se a perguntar.
“Eu proponho que mudemos de assunto”, a Lebre de Março interrompeu, bocejando. “Estou ficando cansada disso. Eu voto para que a jovem senhorita conte-nos uma história.”
“Eu temo que não conheço nenhuma”, disse Alice, um pouco alarmada com a proposta.
“Então o Leirão contará!”, os outros dois gritaram.“Acorde, Leirão!” E beliscaram-no dos dois lados.
O Leirão abriu os olhos lentamente. “Eu não estava dormindo”, ele falou numa voz rouca, fraquinha, “eu ouvi cada palavra que meus amigos falavam.”
“Conte-nos uma história!”, disse a Lebre de Março.
“Sim, por favor!”, implorou Alice.
“E seja rápido”, completou o Chapeleiro, “ou você poderá dormir novamente antes de acabar.”
“Era uma vez três irmãzinhas”, ele começou apressadamente, “e seus nomes eram Elsie, Lacie e Tillie, e elas viviam no fundo de um poço...”
“E o que elas comiam?”, perguntou Alice, que sempre se interessava pelas questões sobre comida e bebida.
“Elas comiam melado”, respondeu o Leirão, depois de pensar por um minuto ou dois.
“Elas não poderiam viver só de melado, você sabe”, Alice observou gentilmente. “Elas ficariam doentes.”
“E ficaram”, disse o Leirão, “muito doentes.”
Alice tentou um pouquinho imaginar quão extraordinário seria este modo de vida, mas ficou muito confusa e assim, continuou: “Mas porque elas viviam no fundo de um poço?”
“Tome mais um pouco de chá”, ofereceu a Lebre de Março para Alice, com um ar sério.
“Mas eu ainda não tomei nada”, replicou Alice em um tom ofendido, “portanto eu não posso tomar mais.”
“Você quer dizer que não pode tomar menos”, disse o Chapeleiro, “é mais fácil tomar mais do que nada.”
“Ninguém perguntou sua opinião”, disse Alice.
“Quem está fazendo observações pessoais agora?”,o Chapeleiro perguntou triunfalmente.
Alice não tinha o que responder no momento, daí, aproveitou para tomar um pouco de chá com torradas. Virou-se então para o Leirão e repetiu sua pergunta: “Porque elas viviam no fundo de um poço?”
Mais uma vez o Leirão demorou um minuto ou dois para responder e então disse: “Era um poço de melado.”
“Isso não existe!”, Alice estava ficando muito brava, mas o Chapeleiro e a Lebre de Março começaram a fazer psiu e o Leirão com um ar amuado observou: “Se você não consegue se comportar civilizadamente, é melhor que acabe a história por conta própria.”
“Não, por favor, continue!”, disse Alice humildemente. “Eu não vou mais interromper. É muito provável que existe mesmo um poço assim.”
“Um, certamente!”, retomou o Leirão indignadamente. Entretanto, ele continuou. “Bem, daí as três irmãzinhas...elas estavam aprendendo a extrair, sabe...”
“O que elas extraíam?”, perguntou Alice, já esquecendo da promessa.
“Melado”, respondeu o Leirão, sem levar em conta a quebra da promessa, dessa vez.
“Eu quero uma xícara limpa”, interrompeu o Chapeleiro, “vamos mudar de lugar.”
Ele avançou um lugar enquanto falava, e o Leirão o seguiu, a Lebre de Março ficou no seu lugar e Alice com má vontade ficou com o lugar da Lebre de Março. O Chapeleiro foi o único que ficou com a xícara limpa e Alice ficou em um lugar bem pior do que estava antes, pois a Lebre de Março tinha acabado de derramar leite no prato.
Alice não queria ofender o Leirão novamente, por isso começou a falar com cautela:
“Mas eu não entendi. De onde elas extraíam o melado?”
“Você pode extrair água de um poço de água”, disse o Chapeleiro, “portanto eu acho que pode extrair melado de um poço de melado, não é, imbecil?”
“Mas elas estavam dentro do poço”, Alice disse para o Leirão, como se não tivesse ouvido o último comentário.
“É claro que estavam”, respondeu o Leirão, “bem no fundo”.
Esta resposta confundiu de tal forma a pobre Alice, que ela deixou o Leirão prosseguir por algum tempo sem interrompê-lo.
“Elas estavam aprendendo a extrair”, continuou o Leirão, bocejando e esfregando os olhos, pois estava ficando com muito sono, “e elas extraíam todo tipo de coisas...tudo o que começava com M...”
“Por que com M?”, disse Alice.
“Por que não?” respondeu a Lebre de Março.
Alice ficou em silêncio.
O Leirão aproveitou para fechar os olhos e já estava começando a cochilar, mas, ao ser beliscado pelo Chapeleiro, acordou novamente com um gritinho e continuou, “...que começava com M, como mouse-traps (ratoeira) e moon (lua) e memory (memória, lembranças) e muchness (advérbio de intensidade)... você sabe, quando você diz que as coisas são um monte de muitão... você já pensou nisso como um extração de muitão?”
“Realmente, agora que você me pergunta”, disse Alice, bem confusa, “eu acho que não...”
“Então você não deveria falar nada”, disse o Chapeleiro.
Esse tipo de grosseria era mais do que Alice conseguia suportar: ela levantou-se muito brava e foi saindo. O Leirão caiu no sono imediatamente e nenhum dos outros dois deu a mínima para sua saída, embora ela tenha olhado para trás uma ou duas vezes, meio que querendo que eles a chamassem. A última vez que Alice os avistou eles estavam tentando enfiar o Leirão dentro do bule de chá.

“Eu não volto lá de jeito nenhum!”, disse Alice, enquanto abria caminho em direção à floresta. “Foi o mais estúpido chá do qual participei em toda minha vida!”
Ao dizer isso ela percebeu que uma das árvores tinha uma porta que dava para seu interior. “Que curioso!”, ela pensou. “Mas tudo está tão curioso hoje. Eu acho que posso muito bem entrar nessa árvore.” E entrou.
Uma vez mais ela encontrou-se naquela sala comprida e com a pequena mesa de vidro. “Desta vez já sei como fazer”, ela disse para si mesma, e começou por apanhar a pequena chave dourada, depois abriu a porta que dava para o jardim. Só então ela começou a mordiscar o cogumelo (que ela mantivera em seu bolso) até que estivesse com mais ou menos 30 centímetros de altura: daí ela atravess
ou a pequena passagem e então... ela estava em um lindo jardim entre canteiros de flores resplandecentes e fontes de água fresca
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9-SALMO

trilha sonora para a viagem da alma de minha mãe para outra dimensão.
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10-Só Dói de Um Lado

Catarse sonora,resultada de uma grande dor, de um longo e inevitável sofrimento.Um buraco na alma.
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11-VENUSIANA
Tributo descarado ao Pink Floyd...!
O guitarrista Nuno Mindelis "descascou" as guitarras e abençoou essa homenagem.
Um ser feminino de Venus emite sinais que são captados por mim aqui na Terra......
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12-A Lagarta
Mais uma referência a ''Alice".

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13-Ponte para Kling Klang

imaginei uma ponte musical sendo construida de Olinda,partindo do Alto da Sé até Dusseldorf,e fosse dar bem dentro do estudio do Kraftwerk em Dusseldorf.








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14-Cortem-lhe a Cabeça!!!(mais "Alice")
quem nunca perdeu a sua?



Ana Bolena perdeu a dela....




Timothy Leary pediu que congelassem a dele........



Uma grande roseira imperava na entrada do jardim: as rosas que nela cresciam eram brancas, mas havia três jardineiros que se ocupavam em pintá-las de vermelho. Alice achou que aquilo era uma coisa estranha e aproximou-se para ver melhor. Justamente na hora que chegou perto deles, ouviu um dos jardineiros dizer:
"Cuidado, Cinco! Não jogue tinta em mim!"
"Eu não tive culpa", disse o Cinco em um tom aborrecido. "O Sete empurrou meu cotovelo."
Nisso o Sete olhou para cima e retrucou:
" Muito bem, Cinco! Sempre colocando a culpa nos outros!"
"É melhor você não falar nada!", disse o Cinco. "Ontem mesmo eu ouvi a Rainha dizer que você merecia ser decapitado!"
"Por quê?", disse aquele que tinha falado primeiro.
"Não é de sua conta, Dois!", disse o Sete.
É sim, é da conta dele!", disse o Cinco. "E eu vou dizer pra ele... é porque você levou raízes de tulipa ao invés de cebolas para a cozinheira."
O Sete jogou o pincel fora, e estava começando a falar "Bem, de todas as injustiças...", quando seus olhos caíram sobre Alice, que os estava observando. Ele calou-se subitamente: os outros olharam ao redor e todos curvaram-se em respeitosa reverência.
"Vocês poderiam dizer-me, por favor", disse Alice , um pouco timidamente, "por que estão pintando estas rosas?"
O Cinco e o Sete não disseram nada, mas olharam para o Dois. O Dois começou, em um tom baixo:
" Porque, de fato, você vê, Senhorita, esta deveria ser uma roseira vermelha, e nós plantamos uma roseira branca por engano, e, se a Rainha descobrir, nós todos seremos decapitados, sabe. Portanto, você vê, Senhorita, estamos fazendo o melhor possível, antes que ela chegue para..."
Neste exato momento, o Cinco, que estivera todo o tempo olhando ansiosamente para o jardim, gritou: "A Rainha! A Rainha!" E os três jardineiros atiraram-se instantaneamente de bruços no chão. Havia o som de muitas passadas, e Alice olhava ao redor, doida para ver a Rainha.
Em primeiro lugar chegaram dez soldados carregando clavas: eles eram todos da mesma forma que os jardineiros, retangulares e achatados, com as mãos e os pés saindo dos quatro cantos; depois vinham dez cortesãos, que eram ornamentados com diamantes e caminhavam de dois em dois, como os soldados. Depois desses vinham as crianças reais, dez delas, e as gracinhas iam saltitando alegremente de mãos dadas, em duplas também. A seguir vinham os convidados, a maior parte de Reis e Rainhas, e entre estes Alice reconheceu o Coelho Branco, falando apressadamente de um jeito nervoso, sorrindo para tudo o que era dito. Ele seguiu sem reconhecer Alice. Finalmente vinha o Valete de Copas, que carregava a coroa do Rei sobre uma almofada de veludo escarlate, antecipando o final do grande cortejo, que trazia O REI E A RAINHA DE COPAS.
Alice estava em dúvida se deveria ou não atirar-se ao chão de bruços como os três jardineiros, mas não conseguia se lembrar se já tinha ouvido falar sobre tal regra em cortejos, "e além disso, qual seria a utilidade de um cortejo", pensou, "se as pessoas ficam de bruços e não podem vê-lo?" Então ela ficou como estava e esperou.
Quando o cortejo passou por Alice, todos pararam e olharam para ela. A Rainha disse, severamente: "Quem é isso?", dirijindo-se ao Valete de Copas, que apenas curvou-se e sorriu em resposta.
"Idiota!", disse a Rainha, balançando a cabeça impacientemente, e, dirigindo-se para Alice, prosseguiu: "Qual é o seu nome, criança?"
"Meu nome é Alice, às suas ordens Majestade", disse Alice bem educadamente, mas acrescentou, para si mesma, "Oras, afinal de contas eles não passam de um baralho de cartas. Eu não preciso ter medo deles!"
"E quem são esses?", perguntou a Rainha, apontando para os três jardineiros que estavam ainda estendidos ao lado da roseira. Isso porque, vocês sabem, como eles estavam de bruços e a parte de trás do baralho era igual a todo o resto do baralho, ela não poderia dizer se eles eram jardineiros, ou soldados, ou cortesãos ou três das crianças reais.
"Como é que eu poderia saber?", disse Alice surpreendida por sua coragem. "Não é da minha conta."
A Rainha ficou vermelha de raiva e depois de encará-la por um momento como uma fera selvagem, começou a gritar: "Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe..."
"Besteira!", retrucou Alice, em tom alto e decidido, e a Rainha calou-se.
O Rei pousou sua mão sobre o braço da esposa e disse timidamente:
"Deixe pra lá, minha querida: ela é apenas uma criança!"
A Rainha afastou-se dele com raiva e disse para o Valete:
"Vire-os!"
O Valete os virou, muito delicadamente, com um pé.
"Levantem-se!", disse a Rainha com uma voz estridente e alta, e os três jardineiros instantaneamente saltaram e começaram a fazer reverências para o Rei, a Rainha, as crinças reais e todo o resto do pessoal.
"Parem com isso", gritou a Rainha. "Vocês me deixam tonta." Então, virando-se para a roseira, ela continuou falando: "O que vocês estavam fazendo aqui?"
"Para servir à Sua Majestade", disse o Dois, humildemente, ficando sobre um joelho enquanto falava, "nós estávamos tentando..."
"Eu entendo!", disse a Rainha, enquanto examinava as rosas. "Cortem-lhe as cabeças!" e o cortejo prosseguiu, com três dos soldados ficando para trás para executar os desafortunados jardineiros, que correram na direção de Alice em busca de proteção.
"Vocês não serão decapitados!", disse Alice, colocando-os dentro de um grande jarro de flores que estava por perto. Os três soldados ficaram confusos por um minuto ou dois, procurando por eles e então voltaram para o final do cortejo.
"As cabeças já foram cortadas?", berrou a Rainha.
"Suas cabeças se foram, para servi-la, Majestade!"", os soldados gritaram em resposta.
"Muito bem!", gritou a Rainha. "Você sabe jogar críquete?"
Os soldados permaneceram em silêncio e olharam para Alice, pois a pergunta era evidentemente dirigida a ela.
"Sim!", gritou Alice.
"Então venha", rugiu a Rainha e Alice juntou-se ao cortejo, doida para saber o que aconteceria a seguir.
"É um...é um belo dia!" disse uma vozinha tímida ao seu lado. Ela estava caminhando bem ao lado do Coelho Branco, que ficava olhando o tempo todo para ela.
"Muito", disse Alice. "Onde está a Duquesa?"
"Psiu!Psiu!", disse o Coelho em voz baixa, assustado. Ele olhava ansiosamente por sobre os ombros enquanto falava e então ergueu-se na ponta das patinhas, colocando a boca bem perto dos ouvidos de Alice e cochichou: "Ela foi condenada."
"A que pena?" perguntou Alice.
"Você disse Que pena!?", o Coelho perguntou.
"Não, eu não disse", retrucou Alice. "Não acho que seja uma pena. Eu disse A que pena?!"
"Ela deu um murro nos ouvidos da Rainha...", o Coelho começou a contar. Alice disparou a rir. "Oh, psiu!", o Coelho murmurou em um tom assustado. "A Rainha irá ouvi-la! Mas você entende, a Duquesa chegou muito tarde e a Rainha falou..."
"Tomem seus lugares!", gritou a Rainha em uma voz de trovão, e as pessoas começaram a correr em todas as direções, batendo umas nas outras. Entretanto, em um minuto ou dois estavam todos em seus lugares e o jogo começou.
Alice pensou que ela nunca em sua vida vira um campo de críquete tão curioso: ele era todo cheio de saliências e sulcos, as bolas de críquete eram ouriços vivos e os tacos eram flamingos também vivos. Os soldados curvavam-se e colocavam as mãos no chão para fazer os arcos do jogo.
A principal dificuldade que Alice encontrou no início foi como segurar seu flamingo: ela poderia manter o corpo dele sob seu braço com razoável conforto, com as pernas da ave penduradas. Mas, geralmente quando conseguia esticar o pescoço do flamingo e ia fazê-lo chutar o ouriço com a cabeça, ele virava-se e olhava para Alice com uma expressão tão confusa que ela não conseguia parar de rir. Depois, quando desvirava a cabeça dele e se preparava para começar tudo de novo, era irritante perceber que o ouriço tinha se desenroscado e fugia. Além disso, sempre havia uma saliência ou sulco no caminho em que ela queria mandar o ouriço e os soldados-arcos estavam sempre se levantando e mudando de lugar. Alice logo chegou à conclusão que aquele era realmente um jogo muito difícil.
Os jogadores jogavam todos ao mesmo tempo, sem esperar sua vez, discutindo o tempo todo, brigando pelos ouriços; logo a Rainha estava furiosa e batia com os pés no chão, gritando: "Cortem a cabeça dele!", ou "Cortem a cabeça dela!" o tempo todo.
Alice começou a sentir-se muito mal: para dizer a verdade, ela ainda não tinha discutido nenhuma vez com a Rainha no jogo mas sabia que poderia acontecer a qualquer minuto, "e então", ela pensou, "o que irá acontecer comigo? Eles são loucos para cortar as cabeças por aqui. A grande dúvida é como ainda existe alguém vivo!"
Lampião e seu bando

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15-Verdazul

“Verdazul é minha visão do encontro entre o Céu e as Montanhas (de Minas ou do Rio…) ou o encontro entre o Céu e o Mar do Rio Dependendo da carência do momento…
É viagem íntima de músico .
Com alma sempre dividida,mas emocionada e grata. “

Dediquei essa musica a uma pessoa linda e pura como este sentimento:minha neta Luiza.
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16-Blond Love Doll
Faixa Bonus.

"eu caminho no lado escuro de sua mente
com minhas botas pretas vou quebrando sua resistência...."


Foi gravada em 1995 no Blue Studios,Rio de Janeiro.
Mixada por mim e Serginho Ricardo.
As guitarras "incendiárias" são de Fernando Vidal e a voz é de Taryn Szpilman.
O CLIPE foi criado,dirigido e produzido por Sonia Bessa





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